
Receber um diagnóstico de câncer é, para muitas pessoas, um divisor de águas. Além das implicações físicas, o tratamento oncológico traz consigo um peso emocional que nem sempre é visível. Medo, ansiedade, tristeza, pensamentos recorrentes e dificuldade de lidar com a incerteza são experiências comuns — mas nem sempre acolhidas ou compreendidas.
Nesse cenário, estratégias de cuidado emocional ganham cada vez mais espaço. Entre elas, as práticas de meditação mindfulness, tanto formais quanto informais, têm se destacado como um recurso acessível, seguro e eficaz para ajudar pacientes oncológicos a enfrentarem o estresse e as turbulências emocionais da jornada do câncer.
O que é Mindfulness?
Mindfulness é o estado de atenção plena e gentil ao momento presente, cultivado intencionalmente, sem julgamento. Pode ser praticado por meio de meditações formais, como a atenção à respiração, ao corpo ou aos pensamentos, e também de práticas informais, como comer com atenção, caminhar percebendo as sensações ou simplesmente escutar com presença.
O mais importante não é esvaziar a mente, mas aprender a se relacionar de forma diferente com os próprios pensamentos e emoções — especialmente os difíceis.
Meditação e o Câncer: o que dizem os estudos?
Uma meta-análise publicada no periódico Psycho-Oncology revisou 13 estudos clínicos com mais de 1.200 mulheres com câncer de mama que participaram de programas de Redução de Estresse Baseada em Mindfulness (MBSR). Os resultados mostraram que a prática regular de mindfulness teve efeitos significativos na redução da ansiedade, depressão, estresse e fadiga, além de melhorar a qualidade de vida e a sensação de bem-estar geral.
Esses benefícios foram observados principalmente no curto prazo, indicando que mesmo poucas semanas de prática podem gerar efeitos positivos. Além disso, a adesão aos programas foi alta e não foram observados efeitos colaterais relevantes.
Como a meditação ajuda emocionalmente?
Durante o tratamento oncológico, não é raro que o paciente se veja inundado por pensamentos negativos ou previsões catastróficas (“e se voltar?”, “não vou conseguir”, “minha vida acabou”). Muitas vezes, o corpo está no presente, mas a mente está presa ao passado ou mergulhada no medo do futuro.
A meditação ajuda a:
- Observar os pensamentos sem se deixar arrastar por eles
- Criar pausas entre os estímulos e as reações automáticas
- Reconhecer e acolher emoções com menos luta e julgamento
- Reconectar-se com o que ainda traz sentido, prazer e valor
Essas habilidades emocionais não eliminam o sofrimento, mas ampliam a capacidade de responder a ele com mais clareza e compaixão.
Meditação formal e informal: o que praticar?
Você não precisa ser monge nem praticar por horas para se beneficiar. A seguir, algumas formas simples de integrar mindfulness no seu cotidiano:
🌿 Meditações formais:
- Atenção à respiração (3 a 10 minutos): sente-se com conforto, feche os olhos e observe a respiração. Quando perceber que se distraiu, apenas volte gentilmente.
- Bodyscan (escaneamento corporal): deitado ou sentado, leve a atenção para diferentes partes do corpo, percebendo sensações sem tentar mudá-las.
☕ Práticas informais:
- Comer com atenção: saboreie uma fruta ou bebida percebendo cor, textura, cheiro e gosto.
- Caminhar com presença: sinta o contato dos pés com o chão, observe sons e formas ao redor.
- Paradas conscientes ao longo do dia: alguns segundos de pausa e respiração antes de tomar decisões, começar um exame ou falar com alguém.
Comece devagar, com gentileza
Muitas pessoas sentem que não estão “fazendo certo” ao tentar meditar. Isso é normal. A prática não busca um estado perfeito, mas sim cultivar um novo tipo de relação com a experiência — mais presente, menos reativa, mais compassiva.
Se você está passando pelo tratamento ou já finalizou e sente que o emocional ainda está abalado, a meditação pode ser uma aliada. E se desejar um espaço terapêutico para desenvolver essas habilidades com apoio, estou à disposição.
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